Rita Ibarra, 20/08/2020
Envelhecer é arte!
Seja lá a idade que você tem hoje, você já parou para
refletir sobre o privilégio do tempo que já teve de vida?
Já pensou que em cada instante de sua vida há o milagre da
respiração que lhe preenche os pulmões de ar e lhe traz o funcionamento
perfeito de sua mente e corpo?
Já pensou que se o tempo lhe trouxe marcas físicas é porque
lhe permitiu tempo bastante e vida suficiente para que elas se fincassem em sua
face e corpo?
Já pensou nas inúmeras pessoas que cruzaram seu caminho e,
que de forma, inusitada ou intencionada marcaram sua história, imprimindo suas
marcas em sua vida?
Já parou para pensar que muitos gostariam de ter vivido até
onde você viveu, mas foram ceifados ainda com pouco tempo de vida?
Já sorveu o ar que lhe rodeia e numa inspiração profunda
sentiu que a vida preenche seu corpo e ilumina o se pensamento?
Já entendeu que ao nascer iniciamos o processo do envelhecer
e do morrer e que cada minuto tem que ter o gosto da alegria mesmo na
adversidade?
Já parou para pensar que a cada tempo se vive um momento de
da existência e se aprofunda no conhecimento no conhecimento de si mesmo?
Já parou para pensar que a mente se mantém sempre jovem,
apesar do envelhecimento do corpo?
Já parou para pensar que tempo é relativo, pois para cada um
é sentido de um jeito?
Já parou para pensar no quanto sua existência pode afetar a
existência do outro?
Então, agradeça a cada minuto que envelhece, a cada minuto
que vive, a cada ação que você causa e lhe afeta, agradeço porque todo dia é
dia de cumprir a missão de sua existência, agradeça pelas descobertas
cotidianas e viva!
Rita Ibarra, 20/08/2020
Reflexões
pandêmicas – O inevitável encontro com o Eu
Das muitas coisas que tenho experimentado, observado,
sentido e refletido nos últimos tempos, destaca-se a convivência com o Eu. Este
ser que, me habita e me assusta, que tem características, as quais Eu
desconhecia até então. Como pude viver tanto tempo comigo e não me conhecer?
Como pude coabitar tanto tempo comigo e ser um estranho? Como posso saber tanto
e não entender o impacto que exerço sobre o Eu? Como posso conhecer tanta gente
e me desconhecer? Como posso até mesmo olhar no espelho e no reflexo não me
ver?
No cotidiano da existência em isolamento tem surgido uma
pessoa que não conheço mais e questiono se será reconhecida pelos demais.
Minhas crenças, convicções e valores têm mudado ou se revelado? O que foi
importante não é mais...
Foi a vida que mudou ou Eu que percebi a vida ou a não
vida, na semiótica das paixões que se atrevem a florescer em meio ao
“pandemimômio” que se instalou à minha volta.
Agruras do contemporâneo, que com ranhuras fincam de
marcas num novo existir...
O Eu revelado e conhecido de outrora, será que ainda
existe dormente em meu ser ou virou quimera assim como a vida dantes vivida.
Rita Ibarra, 17/08/2020
Ao começar o dia sempre penso em ressignificar-me, no sentido da minha existência, na nulidade do muito a fazer e do pouco em que resulta, no infinito vaivém das rotinas cotidianas que parecem nunca rer fim, como um condenado sigo, no infindável fazer-refazer, pensar-repensar, descansar-exaurir das forças, que se minguam com o avanço dos dias, embalados pelo vazio da solidão.
Quanto momento desperdício em meu dia! Há pessoas que vem e iluminam tudo, fazem, dão conta do que se propõem a fazer, outras, no entanto ficam a fiscalizar a vida alheia, sem nada fazer para ajudar, apenas encontrando defeitos no que já foi feito... Outras ainda creem que ser cobrar quem não está em seu rol de cobranças lhes faz ser algo que na realidade não são... Quero e preciso reescrever minha história e assim peço aos céus o socorro que preciso para quebrar meu jeito de ser e romper com estes grilhões...
Rita Ibarra - algum momento de 2017.
No vai-vem das contínuas viagens pela memória, lugar não lugar, espaço não espaço, tempo não tempo, muitas são as imagens visitadas, revisitadas, por visitar, imagens de momentos perdidos no espaço-tempo do não lugar memória, imagens que se constroem, se destroem e se reconstroem, imagens reais não reais afixadas nas paredes da memória que se expande contrai expande, abrindo corredores largos, estreitos, iluminados, sombrios, que se interligam num emaranhado labiríntico em que a mente vaga divaga...imagens existência, imagens vida, lugar do ser não ser.
Que segredos carregam em sua espuma,
Pra com tanta pressa chegar
E em seguida pra longe partir?
Ausência
Brilhando no céu
De mansinho se instalou
No coração meu
Sem nada dizer aquietous-se
Não mais daí se moveu
Hoje, no entanto, daqui
Partiu...
E o fez para não mais voltar...
Se eu fosse...
Voaria bem alto para longe daqui
Pousaria em tua janela
E dali ficaria a te observar...
Se eu fosse uma andorinha
Procuraria voar, voar até a exaustão
Pra então retornar e
Em teu ombro pousar...
Se eu fosse uma andorinha
Procuraria no azul dos céus
Teus olhos encontrar...
SE eu fosse uma andorinha
Voaria em busca
Da liberdade de te amar...
Viver para ser
Viver simplesmente por viver?
Não... não tem razão de ser...
Mas se não a minha razão de ser
Por que então viver?
Viver para sonhar?
Talvez...
Talvez sonhando eu consiga ser...
Ser um pouco mais que um grão de areia...
Chegue até a ser estrela...
Estrela maior e mais poderosa da Constelação...
Ah! mas assim mesmo não seria o ideal...
Viveria a vagar...
E vagando jamais conseguiria "ser alguém"
"Ser alguém" também não é o que almejo,
pois o importante não é "ser alguém"
O importante é eu ser eu eu mesmo
E, quem sabe...
Vivendo para amar
Eu consiga SER
Um ser que sonha VIVER para SER.
Encruzilhada
Chego ao fim do caminho.
Caminho que é cortado por outros.
A tristeza reina no tempo.
No tempo marcado pelas pedras.
Pedras que simbolizam o amor acabado.
O amor que nasceu do nada,
viveu no tudo
e acabou maltratado.
1977
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