Paredes da Memória

Parafraseando Nietzche

Muito tempo guardei silêncio, que destarte, desaprendi o silêncio, frase memorável de Zarutrusta, na obra de Nieztche, serve para iluminar este tempo que se abre em minha existência, tempo de desejo ardente de voltar a me expressar pela palavra, de filosofar a vida, de partilhar sentimentos, de traduzir meu cotidiano em letras, embalada ao som sublime da música da vida!

Rita Ibarra, 20/08/2020


Envelhecer é arte!

 

Seja lá a idade que você tem hoje, você já parou para refletir sobre o privilégio do tempo que já teve de vida?

Já pensou que em cada instante de sua vida há o milagre da respiração que lhe preenche os pulmões de ar e lhe traz o funcionamento perfeito de sua mente e corpo?

Já pensou que se o tempo lhe trouxe marcas físicas é porque lhe permitiu tempo bastante e vida suficiente para que elas se fincassem em sua face e corpo?

Já pensou nas inúmeras pessoas que cruzaram seu caminho e, que de forma, inusitada ou intencionada marcaram sua história, imprimindo suas marcas em sua vida?

Já parou para pensar que muitos gostariam de ter vivido até onde você viveu, mas foram ceifados ainda com pouco tempo de vida?

Já sorveu o ar que lhe rodeia e numa inspiração profunda sentiu que a vida preenche seu corpo e ilumina o se pensamento?

Já entendeu que ao nascer iniciamos o processo do envelhecer e do morrer e que cada minuto tem que ter o gosto da alegria mesmo na adversidade?

Já parou para pensar que a cada tempo se vive um momento de da existência e se aprofunda no conhecimento no conhecimento de si mesmo?

Já parou para pensar que a mente se mantém sempre jovem, apesar do envelhecimento do corpo?

Já parou para pensar que tempo é relativo, pois para cada um é sentido de um jeito?

Já parou para pensar no quanto sua existência pode afetar a existência do outro?

Então, agradeça a cada minuto que envelhece, a cada minuto que vive, a cada ação que você causa e lhe afeta, agradeço porque todo dia é dia de cumprir a missão de sua existência, agradeça pelas descobertas cotidianas e viva!

Rita Ibarra, 20/08/2020

Reflexões pandêmicas – O inevitável encontro com o Eu

Das muitas coisas que tenho experimentado, observado, sentido e refletido nos últimos tempos, destaca-se a convivência com o Eu. Este ser que, me habita e me assusta, que tem características, as quais Eu desconhecia até então. Como pude viver tanto tempo comigo e não me conhecer? Como pude coabitar tanto tempo comigo e ser um estranho? Como posso saber tanto e não entender o impacto que exerço sobre o Eu? Como posso conhecer tanta gente e me desconhecer? Como posso até mesmo olhar no espelho e no reflexo não me ver?

No cotidiano da existência em isolamento tem surgido uma pessoa que não conheço mais e questiono se será reconhecida pelos demais. Minhas crenças, convicções e valores têm mudado ou se revelado? O que foi importante não é mais...

Foi a vida que mudou ou Eu que percebi a vida ou a não vida, na semiótica das paixões que se atrevem a florescer em meio ao “pandemimômio” que se instalou à minha volta.

Agruras do contemporâneo, que com ranhuras fincam de marcas num novo existir...

O Eu revelado e conhecido de outrora, será que ainda existe dormente em meu ser ou virou quimera assim como a vida dantes vivida.

Rita Ibarra, 17/08/2020


Ressignificando...


Se o signo representa o objeto ausente e assim o significa, como fica o objeto ausente que se faz presente e se ressignifica?

Ao significar empresta-se a um objeto ou acontecemento um signo, que se transforma no representante do primeiro, contudo este signo não se constitui em permanência, quando somam-se novas impressões a ele e desta forma o signo é ressignificado.

Ressignificar é estar sempre disposto a re-escrever a própria história, sem medo de olhar para si e transformar as primeiras impressões, primeiras dores, primeiros medos e traumas em uma nova construção, sem medo de errar, sem medo de perdoar, sem medo de amar. 

Ao começar o dia sempre penso em ressignificar-me, no sentido da minha existência, na nulidade do muito a fazer e do pouco em que resulta, no infinito vaivém das rotinas cotidianas que parecem nunca rer fim, como um condenado sigo, no infindável fazer-refazer, pensar-repensar, descansar-exaurir das forças, que se minguam com o avanço dos dias, embalados pelo vazio da solidão.

Quanto momento desperdício em meu dia! Há pessoas que vem e iluminam tudo, fazem, dão conta do que se propõem a fazer, outras, no entanto ficam a fiscalizar a vida alheia, sem nada fazer para ajudar, apenas encontrando defeitos no que já foi feito... Outras ainda creem que ser cobrar quem não está em seu rol de cobranças lhes faz ser algo que na realidade não são... Quero e preciso reescrever minha história e assim peço aos céus o socorro que preciso para quebrar meu jeito de ser e romper com estes grilhões...

Rita Ibarra - algum momento de 2017.

Fragmentos de vida esquecidos a tempos, tornam-se matéria orgânica e profunda, quando reunidos e revistos com olhar dos anos acumulados, das experiências vividas, dos amores esquecidos, das saudades que ainda machucam, dos desejos atendidos e dos que ainda não se sentem saciados... O tempo, senhor da história, traz na viva lembrança imagens que se gravaram nas paredes da memória.


Rita Ibarra
28-11-2015


No vai-vem das contínuas viagens pela memória, lugar não lugar, espaço não espaço, tempo não tempo, muitas são as imagens visitadas, revisitadas, por visitar, imagens de momentos perdidos no espaço-tempo do não lugar memória, imagens que se constroem, se destroem e  se reconstroem, imagens reais não reais afixadas nas paredes da memória que se expande contrai expande, abrindo corredores largos, estreitos, iluminados, sombrios, que se interligam num emaranhado labiríntico em que a mente vaga divaga...imagens existência, imagens vida, lugar do ser não ser. 

Rita Ibarra
27-novembro-2015




Mulher,

Essência do amor divino, que se compadece da solidão do Homem e lhe concede uma companheira semelhante...
Feita da costela de Adão, é em tudo semelhante a ele, parte dele mesmo...
É a presença que alegra, enobrece, enternece, levanta e mantém os que a ela são confiados...
Pura essência do amor de Deus, sua capacidade é a de Amar, em todas as circunstâncias e apesar das circunstâncias...
Essência das virtudes mais sublimes, fortaleza nas batalhas,  porto seguro nas dificuldades..

Mãe que cuida de sua prole e de qualquer prole que lhe seja confiada...
Rita Ibarra
frutos da mid-age
9-março-2017

Onde vão as ondas do mar?
 Que segredos carregam em sua espuma,
Pra com tanta pressa chegar
E em seguida pra longe partir?


14 de abril de 1982

Ausência


Como um raio de sol
Brilhando no céu
De mansinho se instalou
No coração meu

Sem nada dizer aquietous-se

Não mais daí se moveu

Hoje, no entanto, daqui

Partiu...
E o fez para não mais voltar...

29 de março de 1982


Se eu fosse...



Se eu fosse uma andorinha
Voaria bem alto para longe daqui
Pousaria em tua janela
E dali ficaria a te observar...

Se eu fosse uma andorinha

Procuraria voar, voar até a exaustão
Pra então retornar e
Em teu ombro pousar...

Se eu fosse uma andorinha

Procuraria no azul dos céus
Teus olhos encontrar...

SE eu fosse uma andorinha

Voaria em busca
Da liberdade de te amar...


19 de junho de 1981

Viver para ser



Por que vver, se não sei o que sou ou ser?
Viver simplesmente por viver?
Não... não tem razão de ser...
Mas se não a minha razão de ser
Por que então viver?
Viver para sonhar?
Talvez...
Talvez sonhando eu consiga ser...
Ser um pouco mais que um grão de areia...
Chegue até a ser estrela...
Estrela maior e mais poderosa da Constelação...
Ah! mas assim mesmo não seria o ideal...
Viveria a vagar...
E vagando jamais conseguiria "ser alguém"
"Ser alguém" também não é o que almejo,
pois o importante não é "ser alguém"
O importante é eu ser eu eu mesmo
E, quem sabe...
Vivendo para amar
Eu consiga SER
Um ser que sonha VIVER para SER.


08 de agosto de 1978


Encruzilhada



Pedras.
Chego ao fim do caminho.
Caminho que é cortado por outros.
A tristeza reina no tempo.
No tempo marcado pelas pedras.
Pedras que simbolizam o amor acabado.
O amor que nasceu do nada,
viveu no tudo 
e acabou maltratado.

Rita Ibarra
1977

Monológo da Poesia



Eu sou a Poesia. Nasci há muitos e muitos anos, quase junto aos homens.
Minha missão é muito difícil de entender. 
Eu falo às vezes da alegria e sou também a fantasia que um dia o poeta criou; às vezes minha fala é triste, mas cheia de alma.
A maior parte das pessoas não me entende e me acha muito tola, que eu dificulto o que quero falar por usar rimas ou não as uso e acham-me confusa, non sense.
Meu objetivo é difundir meus pensamentos. Para as crianças sou alegre e divertida, para os jovens romântica, para os adultos realista...
Eu gosto de ser a "poesia" e gosto de você, mas gostaria que você gostasse um pouquinho mais de mim.

Rita Ibarra
19/051975




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